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Por Jorge A.Queiroz e Silva Quarta-feira, 06/01/2021, 19h13 Fonte: Por e-mail - De Curitiba
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Imagem: É possível adquirir nos Núcleos Sindicais
da APP-SINDICATO a Agenda 2021 (R$ 22,00) em homenagem a Paulo Freire.
Paulo Freire (19 de setembro de 1921, Recife-PE - 2
de maio de 1997, São Paulo-SP), o patrono da educação brasileira desde 2012, e
um dos mais notáveis pedagogos do mundo, completa 100 anos de nascimento.
Freire é alvo de
críticas de políticos conservadores e de outras pessoas que se deixam
influenciar por Fake News, que combatem suposta "doutrinação ideológica e
política" nos ambientes escolares. O próprio Jair Bolsonaro, presidente do
Brasil, o chamou de "energúmeno"
(termo que significa privado de inteligência, ignorante, boçal).
Em entrevista ao site
UOL, em 18 de dezembro de 2019, Sérgio Haddad, autor do livro O EDUCADOR: UM PERFIL DE PAULO FREIRE, explicita
que ele nunca defendeu doutrinação de estudantes e nem deixou de ser crítico
dos regimes socialistas.
Pois bem, de acordo com
Freire os (as) educadores (as) não devem abrir mão de expressarem suas opiniões
ao mesmo tempo em que dialogam com as multiplicidades dos pontos de vistas
estudantis, significando comunidades escolares plurais.
Os seus desafetos, a
meu ver, rejeitam a prática de uma educação libertadora e desejam uma educação
acrítica no chão escolar ao promover o acomodamento dos (das) estudantes à
realidade, num alienante contraponto ao pensamento de Paulo Freire.
A pedagogia freireana
parte da realidade dos (das) estudantes oprimidos (as) e de seus universos
vocabulares. Em seu método revolucionário de educação coletiva de adultos, a
pessoa adquire a consciência da sua condição histórica, assume o controle do
seu percurso e conhece a capacidade de transformar à realidade, ou seja, Paulo
Feire incita o (a) estudante a ler o mundo para poder transformá-lo:
"Não basta saber ler mecanicamente ‘Eva viu a
uva'. É necessário compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto
social, quem trabalha para produzir uvas e quem lucra com esse
trabalho." (PAULO
FREIRE, IN MOACIR GADOTTI, PAULO FREIRE: UMA BIOBIBLIOGRAFIA, 1996).
O método de
alfabetização bem como suas ideias ainda são práticas pontuais no Brasil, no
entanto, conforme o Projeto Open
Syllabus, Pedagogia do Oprimido,
de Paulo Freire, é o livro brasileiro na lista dos 100 títulos mais solicitados
pelas universidades de língua inglesa.
Paulo
Freire dá nome a vários institutos acadêmicos na Inglaterra, Estados Unidos,
Finlândia, Espanha e África do Sul.
A pedagoga Eeva
Anttila, professora da Universidade de Artes de Helsinque, da Finlândia, diz:
Acredito
que seria ótimo que a pedagogia em qualquer escola de qualquer país partisse do
pensamento de Freire. (...) Especialmente no Brasil, dada a atual situação
política e a história do país. (...) Não acredito em pedagogia autoritária. As
aulas não precisam ser autoritárias. É preciso diálogo, discussão, negociação,
exploração. Construir conhecimento para que haja capacidade de expressar ideias
e ouvir os outros. Eis a chave para a democracia. E a educação democrática é a
única maneira de salvaguardar uma sociedade democrática.
Para Ronald David Glass, professor de
filosofia da educação da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, o valor intelectual de Freire está no
método que valoriza a consciência crítica:
Consciência
crítica, transformadora e diferencial, que emerge da educação como uma prática
de liberdade. Paulo Freire viveu sua vida no espaço desta consciência; é por
isso que inspirou e energizou pessoas no mundo inteiro, e é por isso que seu
legado se prolongará muito além de qualquer horizonte que possamos enxergar
agora. Freire
sempre estava buscando se tornar mais humano, tornar possível que outros fossem
mais humanos e, se acolhermos esta busca com tanto amor e determinação quanto
ele, então uma maior medida de justiça e democracia estará ao alcance.
Seu método libertador de alfabetização e suas ideias estão vivos, e são fontes
de inspirações.
Jorge Antonio de Queiroz e Silva,
historiador, palestrante, professor.
Livros nas áreas de informática, gestão, negócios e literatura