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Por Jorge A.Queiroz e Silva Segunda-feira, 12/10/2020, 08h45 Fonte: Por e-mail - De Curitiba
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Crédito
da imagem:
Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil.
Milton Ribeiro, ministro da Educação, em
entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, aos 24 de setembro último, disse: "Hoje,
ser professor é ter quase que uma declaração de que a pessoa não conseguiu
fazer outra coisa".
Ele ofendeu a mim e mais de 2,5 milhões de
colegas brasileiros (as).
Sou professor, com satisfação e orgulho,
desde 2002. E nestes quase 19 anos de labuta, produzi, entre inúmeras
atividades de pesquisas, dois livros, ao lado de Zelia Maria Bonamigo, de
interesses da comunidade escolar.
O livro Folclore
no Paraná, de 600 páginas, de autoria de
Inami Custódio Pinto (1930-2014) e por nós organizado, sendo que o capítulo 1 Notas sobre o Folclore é de nossa autoria.
Recebeu a credibilidade da secretária de Cultura do Paraná, Vera Maria Haj
Mussi, em 2005. E Mauricio Requião, secretário de Educação, em 2008, com seus
assessores, agilizou, sabiamente, de modo que a obra fosse impressa pela
Imprensa Oficial do Estado do Paraná, em duas edições (2006 e 2010), nos
mandatos do ex-governador Roberto Requião (2003-2010).
O trabalho relata não somente
a coleta de dados do professor Inami, que atesta a dedicação de grande parte de
sua vida ao conhecimento das expressões culturais de diferentes grupos de
Paranaguá e arredores. Nem somente sua apresentação cuidadosa de desenhos,
partituras e letras das músicas. O diferencial da organização deste livro está no
estabelecimento de uma relação específica entre antropologia e folclore.
Esses livros estão à
disposição daqueles que procuram materiais sobre o folclore e temas específicos
ligados ao Paraná, como brincadeiras infantis, marcas de fandango, congada,
Romaria de São Gonçalo, boi-de-mamão e lendas, terminando com algumas noções da
língua tupi.
O livro Município de Almirante Tamandaré-PR: uma história em constante
construção, publicado em 2012, com respaldo da administração Vilson Goinski
(2005-2012) e participação de estudantes e professores, registra relações entre
história e memória do município de Almirante Tamandaré, localizado na região
metropolitana de Curitiba, no âmbito das orientações da História Cultural.
Essa obra ressalta que a
História de um Município é construída por pessoas que agem, pesquisadores que
buscam informações, escritores que registram. Em suas páginas os diferentes
povos interagem; comunidades indígenas fazem guerras e alianças com
estrangeiros; povos africanos circulam tradições entre os demais; estradas
antigas contam histórias de tropeiros, imigrantes e arigós; prefeitos e
familiares mostram biografias; histórias de fornos de cal e de recursos
hídricos comunicam elos de cidadania; escritores e poetas falecidos constroem
teias de relações que chegam ao presente. E os tamandareenses defendem a
cidadania como forma de crescimento.
Considerações
O ministro Milton Ribeiro não
ofendeu somente aos professores e às professoras, mas, ao ser questionado sobre
as consequências da pandemia no ensino e o crescimento da desigualdade entre
ricos e pobres, desdenhou: "Esse
não é um problema do MEC, é um problema do Brasil".
Ora,
de acordo com a pesquisa realizada por Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC-Educação),
2019, divulgada em 9 de junho do ano corrente, 39% dos (das) estudantes das
escolas públicas urbanas não têm computador ou tablet em suas residências.
É
certo que as mazelas educacionais antecedem a Covid-19 e devem ser sanadas sob
a coordenação e comando do Governo Federal. No entanto, até o presente nada tem
sido feito para sanar os entraves antigos e atuais.
Ribeiro reproduz o estilo desatinado dos seus
antecessores Ricardo Vélez, Abraham Weintraub e Carlos Decotelli. Este sequer chegou a tomar
posse no Ministério da Educação por causa da fraude em sua biografia.
P.S. Parabenizo aos (às) colegas pelo Dia
da Professora e do Professor, 15 de outubro, responsáveis pela formação de
centenas de profissionais e esteios de uma sociedade transformadora.
Jorge
Antonio de Queiroz e Silva, historiador, palestrante, professor.
Livros nas áreas de informática, gestão, negócios e literatura