 |
Por Jorge A.Queiroz e Silva Sábado,20/07/2019, 15h30 Fonte: Por e-mail |
 |

Foto: Jorge Queiroz e Paulo Henrique Amorim.
Eu não poderia
deixar de escrever sobre o carioca Paulo Henrique Amorim (1943-2019), falecido
em 10 de julho, aos 76 anos de idade, vítima de infarto.
Amorim foi
escritor, trabalhou em jornais, revistas, sites e TV. Nesta era conhecido pelos
bordões "boa noite, boa sorte" e "olá, tudo bem?"
Destaco,
de modo especial, sua ininterrupta defesa das conquistas dos direitos dos
cidadãos brasileiros e dos interesses nacionais, a partir das críticas ácidas e
conscientes fundamentadas no Portal Conversa Afiada, a datar de 2008.
Se o (a) leitor (a) deseja saber sobre os bastidores do poder
do Brasil, não revelados na grande mídia, indico a leitura do livro O quarto poder - uma outra história (editora Hedra, 2015) do saudoso amigo Paulo Henrique
Amorim.
O que é o quarto poder? Trata do papel da imprensa no
processo político do nosso País, por isso o livro tem no título essas palavras.
Ronaldo Alves, responsável pela capa da obra, fez uma armadilha gráfica: o
quarto poder também pode ser visto como o primeiro poder.

Foto: Amorim esmiúça a histórica intervenção do Partido de Imprensa Golpista (PIG), que atua contra os interesses dos (as) trabalhadores (as.
Fruto de 50 anos de experiência no jornalismo, Amorim esmiúça
a histórica intervenção do Partido de Imprensa Golpista (PIG), que atua contra
os interesses dos (as) trabalhadores (as). Mas, entre outros, explicita nas
páginas 121 e 122, a falcatrua que originou a Globo, em 26 de abril de 1965.
A TV Globo nasceu financiada pelo Time-Life, um grupo
americano, o que feria o artigo 160 da Constituição. Ora, uma empresa
estrangeira não podia participar da orientação intelectual e administrativa de
sociedade concessionária de canal de televisão. Amorim explica:
Costa e Silva [presidente militar do Brasil] queria salvar a Globo. O
ministro [Delfim
Netto era o Ministro da Fazenda] montou
uma operação financeira de salvamento com o banco Morgan, dos Estados Unidos.
As garantias eram garantias pessoais de Roberto Marinho - ele deu em garantia
uma casa no Cosme Velho, no Rio, onde morou a viúva, dona Lily - e receitas
futuras da Globo. Marinho deu, em garantia, na verdade, uma receita com que já
podia contar: a publicidade de empresas do governo federal. Empresas como
Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal. Roberto
Marinho pagou o empréstimo, comprou a parte do Time-Life e vendeu a publicidade
ao governo federal por ‘preço de tabela' [o ‘preço de tabela' é uma referência
que pouco se respeita na publicidade. É uma espécie de ‘pra início de conversa'], sem desconto, o que, na prática,
significava que Roberto Marinho vendeu espaço ao governo por um ‘sobrepreço'.
Deu até para ressarcir o grupo Time-Life dos lucros atrasados que, antes, não
conseguia distribuir aos sócios americanos.
Leia também:
Como se dá o domínio da mídia no cenário político e a
importância da necessidade da democratização da mídia estão bem explicitados em O quarto poder - uma outra história. Sugiro a produção de um documentário ou de um filme que retrate o conteúdo dessa ímpar
obra de Paulo Henrique Amorim.
Jorge Antonio de
Queiroz e Silva, historiador, palestrante, professor.
Livros de todos os gêneros literários!